O Futuro do trabalho: E então? Que caminho seguir?

Em janeiro de 2025 o The World Economic Forum disponibilizou o relatório The Future of Jobs Report 2025” o qual tive oportunidade de ler. Ao longo de mais de 200 páginas são realizadas previsões sobre o futuro do trabalho até 2030. Ressalvo que é uma perspectiva mais orientada para as grandes empresas. Contudo, não deixo de encontrar pistas úteis para quem, como eu, é docente no ensino superior, trabalha com design ou tecnologia, mas já lá vamos.

O papel das Universidades

Primeiramente, falemos das universidades.

As universidades não devem guiar as suas decisões apenas por este tipo de instrumentos. Correm um risco muito sério de transformar o ensino superior numa espécie de entreposto mercantilista, ou seja uma mera resposta reactiva às tendências de mercado.

Sugiro que, devem antes continuar com uma postura analítica, encontrar nestes instrumentos mais um meio de escuta ativa deste mundo que se encontra em rápida transformação, antecipar caminhos, questionar modelos e continuar a contribuir para formar o pensamento crítico. Na minha perspectiva, correr atrás de listas ou rankings de competências, será um enorme risco até porque seria uma corrida completamente desigual. Alternativamente colocar questões com discernimento como, que “formação fará sentido para a sociedade e consequentemente para o trabalho daqui a 10 anos?” são mais ajustadas.

Mas então que aspectos destaco deste documento? Um ponto que ressaltou de imediato foi verificar que o design gráfico encontra-se agora listado entre as 15 profissões em maior declínio. Não fiquei particularmente surpreendido ou abalado, mesmo sendo docente e profissional de Design Gráfico. Não existem profissões imunes à mudança e o Design não é um oasis. Ao continuarmos a leitura do relatório, podemos encontrar logo de seguida as profissões de Designer UI/UX como uma das áreas de atividade em maior crescimento até 2030. Podemos estar perante uma transformação da figura do designer gráfico e não na sua extinção.

O futuro do trabalho: Trabalhos em Crescimento e Declínio até 2030 WEF
O futuro do trabalho: Trabalhos em Crescimento e Declínio até 2030 WEF

Aqui lanço um possível desafio de investigação: será que o mercado procura agora menos quem produza mas sim figuras que pensem nas experiências, nos sistemas com um foco maior na interação e nas pessoas? Só o futuro dirá

O futuro do trabalho: Formação e Competências Chave

Enquanto docente assumo muitas vezes uma posição crítica quando questionamos “que ferramentas devo ensinar aos meus estudantes?”. Sou bem mais a favor da questão “que pensamento pretendemos cultivar?”.

A resolução de problemas, capacidade de imaginar, pensamento crítico, ser criativo, orientar as nossas soluções para as pessoas são para mim elementos ou competências chave não do passado, não do futuro, mas sim e sempre do presente.

O relatório apresenta algumas das competências que vão crescer nos próximos anos:

  • Pensamento criativo;
  • Literacia tecnológica;
  • Resiliência e adaptabilidade;
  • Inteligência artificial e análise de dados;
  • Liderança e influência social.
    [Fonte: WEF, 2025]

Estas competências raramente aparecem isoladas. Solicitam um tipo de aprendizagem mais combinada, em que dominar um software já não chega, é preciso saber questionar, prototipar, interpretar dados, trabalhar em equipa e responder a contextos altamente complexos.

Devemos enquanto docentes ajustar os nossos currículos não ao que o mercado pede mas sim ao que a sociedade, o mundo mas sobretudo os nossos jovens enquanto agentes com pensamento ativo crítico necessitam.

Porque no fim de contas, formar designers é formar agentes de mudança.

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